Murilo Benício considera "O Clone" um fenômeno da
teledramaturgia do qual tem muito orgulho de ter participado. Na novela que fez
sucesso em diversos países, ele deu vida a três personagens - os gêmeos Lucas e
Diogo, que morre no começo da trama, e o clone de Lucas, Léo. O desempenho
neste trabalho o elevou a outro patamar na carreira. "Definitivamente foi
uma novela importantíssima para eu assumir um outro lugar como ator",
revela. “Insch’Allah!”, “Né brinquedo não!” e “Cada mergulho é um
flash!”. Esses esses e muitos outros bordões podem ser conferidos na
telinha da Globo, no “Vale a Pena Ver de Novo”. Há 20 anos desde sua
primeira exibição, “O Clone” trouxe ao grande público, em
2001, assuntos pouco explorados na teledramaturgia da época, como a
clonagem humana que partiu da curiosidade da autora Glória Perez pelo
caso da ovelha Dolly - e a cultura árabe, retratada através dos costumes das famílias
que moravam no Marrocos. O Islamismo, os papéis masculino e feminino na
sociedade, a dança, a língua, a culinária e as cerimônias
marroquinas são pano de fundo para uma
grande história de amor. A novela também conta com muitos momentos de
humor, debates sobre dependência química, amores proibidos, inseminação
artificial, fé, ciência e religião, e personagens emblemáticos. Neste trabalho, a atriz Giovanna Antonelli interpretou Jade,
sua primeira protagonista em novelas. A personagem gerou interesse e aproximou
o brasileiro da cultura muçulmana ao lado de outros que ficaram
marcados, como Nazira (Eliane Giardini), Zoraide (Jandira Martini),
Khadija (Carla Diaz), Tio Ali (Stênio Garcia), Said (Dalton
Vigh), Tio Abdul (Sebastião Vasconcellos), Mohamed (Antonio
Calloni), Latiffa (Letícia Sabatella), Ranya (Nívea
Stelmann), Mustafá (Perry Salles) e Zein (Luciano
Szafir). Giovanna Antonelli também ditou moda com seu figurino, maquiagem
e acessórios de inspiração árabe. Os bordões são outro capítulo da obra. Dona Jura
(Solange Couto) com seu “Né brinquedo não!”, Odete (Mara
Manzan) com “Cada mergulho é um flash!” e Ligeirinho (Eri
Johnson) com “Bom te ver!”, assim como as expressões “Maktub”,
“mulher espetaculosa”, “arder no mármore do inferno”, “fazer a exposição da
figura” e “jogar ao vento”, que entraram no cotidiano dos
brasileiros. A produção também se destacou por paisagens deslumbrantes e
por apresentar o Marrocos ao público brasileiro. As primeiras cenas foram
gravadas em cinco cidades do país, em locações como as ruínas
do kasbah Ait Ben Hadou, em Ouarzazate, o mercado de camelos de
Marrakech, a cisterna portuguesa de El Jadida e a milenar Medina de Fez, que
serviu de referência para a cidade cenográfica marroquina nos Estúdios Globo.
As cenas finais, que mostram o desfecho dos personagens Albieri (Juca de
Oliveira) e Leo (Murilo Benício), foram gravadas nos Lençóis Maranhenses,
representando o deserto do Saara.
A novela foi o único título brasileiro em uma seleção dos
principais programas da televisão nos últimos 50 anos feita pela The WIT,
empresa especializada em rastrear o mundo em busca de tendências de conteúdo de
televisão e programação digital, em Cannes, na França, onde aparece como a
melhor produção de 2001. Além do sucesso no Brasil, ela foi vendida para
mais de 100 países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, El
Salvador, Moçambique, Peru e Romênia. Foi recorde de audiência no Kosovo e
sucesso na Sérvia, Rússia e Albânia. A obra também conquistou três
categorias do Prêmio Inte (Indústria de la Televisión em Español), considerado
um dos mais importantes do mercado latino: melhor novela, melhor autora e
melhor atriz com Giovanna Antonelli. No Brasil, Eliane Giardini
recebeu o prêmio de melhor atriz por sua interpretação da muçulmana Nazira, e
Sthefany Brito, o prêmio de revelação pelo papel de Yasmin, em 2002, pela
Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
“O Clone” foi exibida originalmente de 1º de outubro de 2001
a 15 de junho de 2002 em 221 capítulos e já reprisada em 2011, em 175 capítulos
no “Vale a Pena Ver de Novo”. Em 2019 também foi exibida pelo Canal Viva. |