No Espírito Santo, mangue devastado por tempestade provocada por El Nino / Divulgação |
Para comemorar o aniversário de 30 anos da "Rio-92" - importante conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, entre 03 e 14 de junho de 1992 - a edição desta semana do "Globo Repórter" coloca os seus holofotes em alguns problemas ambientais que o Brasil enfrenta hoje.
O jornalista Bette Lucchese era uma jovem repórter e trabalhou na cobertura da Eco-92. Ela se lembra do quanto foi impactante as conclusões dos especialistas na ocasião. E agora pode ver de perto as previsões feitas no evento. "A destruição da Floresta já altera as chuvas na Amazônia, muda o clima em muitas regiões do país, mexe com um sistema que a natureza criou para equilibrar o planeta”, explica Bette, no programa, que convida à reflexão ao mostrar que um dos principais alertas feito por especialistas na época da Rio-92 não foi ouvido. As consequências do aquecimento global se tornaram realidade e três paraísos naturais brasileiros estão ameaçados de desaparecer.
No Delta do Parnaíba, que faz divisa com os estados do Maranhão e do Piauí, o repórter Renan Nunes mostra como o avanço do mar põe em risco o único delta em mar aberto das Américas. “As águas sobem três centímetros por ano e já engoliram dois quilômetros e meio do Delta do Parnaíba, oferecendo um grave risco para os manguezais. E o mangue é uma grande arma contra o aquecimento global”, explica o repórter.
Impressionante : As águas do mar já engoliram cerca de dois quilômetros e meio do delta do Rio Parnaíba / Divulgação |
Do
lado maranhense, a Ilha das Canárias é a maior do Delta. Segundo moradores da região, em 1978 havia 83 ilhas, dez a mais do que hoje. E relatam o medo que a situação provoca; o município de Gilbués, no Piauí, está se transformando num
deserto brasileiro. Uma terra maltratada pela pecuária, pela mineração de
diamantes e por ter sido ocupada por engenhos.
Já o repórter Mario Bonella vai para o litoral norte do Espírito Santo, onde o aumento das temperaturas está atingindo diretamente um ser vivo, que está mudando de cor. "Quando o coral fica branco, vai mudando de cor, é sinal de que ele está doente. À medida em que a situação fica mais grave, a textura também muda. Quando ele está áspero, parece uma rocha e é sinal de que ele já morreu”, explica.
O jornalista também encontrou às margens do Rio Piraque Mirim, em Aracruz (ES), um cenário ainda mais desolador: um mangue completamente devastado por uma tempestade provocada pelo El Nino, que fez chover granizo no local, e destruiu uma área de aproximadamente 500 campos de futebol. “É um sentimento ruim, de tristeza mesmo chegar perto de um ecossistema destruído, ainda mais um manguezal, um lugar que a gente sempre ouviu que é um berçário, lugar onde a vida começa e aqui está parecendo um cemitério”.
Mas nem tudo é devastação. Na Amazônia, Bette Lucchese também conhece a região de Novo Airão (AM), porta de entrada para o Parque Nacional das Anavilhanas, no Rio Negro, onde são proibidos os mergulhos com os botos.
O "Globo Repórter" vai ao ar na noite de sexta-feira, logo depois da novela "Pantanal".